O primeiro emprego e o centésimo pedido

Quase um ano após sua colação de grau, meu filho, um jovem de 25 anos, estava no limbo comum a todos os recém formados: nenhuma perspectiva de trabalho. Alguns meses antes, um colega dele havia acenado com uma possibilidade que se revelou remota, bem remota. Mais recentemente, outra proposta o levaria para algum interior distante e percebi a angústia no olhar do meu garoto. Decorria desta proposta a possibilidade concreta de trabalhar com animais de grande porte e o forte do moleque é clínica de animais de pequeno porte. A angústia, que era dele, fez-se minha. Infelizmente ou não, é assim que “funciona” uma mãe.

Sexta-feira passada, de repente, assim ao jeito divino de trazer luz àqueles que precisam, o moleque recebeu o telefonema de um veterinário da clínica onde ele fez estágio curricular, convocando-o para uma conversa. A angústia deu lugar ao nervosismo e ansiedade que antecedem os acontecimentos capazes de decidir uma vida. E lá se foi o meu garoto, nervoso, mas entregue a Deus!

Horas mais tarde, ele me telefonou: puro entusiasmo! Imagine a felicidade de uma mãe, assumidamente coruja, cujo único filho acabou de conseguir o primeiro emprego na melhor clínica veterinária de Manaus! Agradeço e louvo a Deus pela primeira de muitas conquistas do meu filho!

Quando ele retornou por volta das 22 h, resolvi que precisávamos comemorar. Assim, liguei para a pizzaria Morada do Sol. Escolhidos o sabor e o tamanho da pizza, uma surpresa: a atendente me informou que aquele era o meu centésimo pedido e isto me dava direito a uma cortesia, a pizza sairia totalmente 0800 (como diz uma amiga), de graça. Claro que, de imediato, eu não acreditei e, para reforçar minha desconfiança, a ligação ficou péssima, a atendente não conseguia me ouvir, embora eu a ouvisse. Num tom de voz um pouco mais elevado para garantir que eu pudesse escutá-la, ela me informou outro número de telefone para eu fazer contato. Liguei, a atendente confirmou a cortesia. Àquela altura dos acontecimentos, meu filho, acometido pela típica leseira baré, gritava para que eu pedisse uma pizza gigante, já que era cortesia. Desconsiderei a leseira do caboquinho, o riso da atendente que, claro, ouviu os gritos dele, e confirmei o pedido.

Como sempre, o atendimento foi impecável, a entrega foi rápida e a pizza estava deliciosa. Na verdade, mais deliciosa que nunca, não pelo fato de ter sido grátis, mas pela delicadeza da iniciativa. Claro que o motivo da comemoração deu um sabor especial à pizza, mas a idéia da cortesia agregou valor simbólico ao serviço. Aí está uma atitude que cativa o cliente!

Uma resposta to “O primeiro emprego e o centésimo pedido”

  1. Concordo totalmente! Iniciativas como essa (infelizmente) são raras na cidade…

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