Em 2009, orientei um trabalho conclusão de curso que analisava o relacionamento médico-paciente e como as Relações Públicas poderiam dar conta de melhorar esse imbróglio. Os resultados, bem interessantes, inclusive com planos de ação, espero que sejam publicados um dia, pelo menos para cutucar a classe médica.
Por ironia do destino fui vítima indireta desse processo. Estou me recuperando de uma complicadíssima inflamação de garganta e ouvido. Duas vezes tive que recorrer ao pronto-socorro, duas vezes quase fui internada, mas os médicos resolveram dar uma colher de sopa e deixar eu me recuperar em casa.
Ao contrário do que se pode pensar desse post, não tenho reclamações diretas quanto ao atendimento que obtive dos médicos ou do hospital (Santa Júlia). Foi tudo bem, dentro dos conformes.
Explico. Sou alérgica a quase todos os analgésicos e (até agora) a todos os antiinflamatórios que estão disponíveis no mercado. Acredite, eu já consultei até aqueles livros que trazem todas as bulas, disponíveis em farmácias.
Os médicos, entretanto, insistem em receitar “um novo medicamento”, prometendo sempre que “esse não vai te dar alergia”. Meu amigo Roberto, da farmácia São Carlos, aqui pertinho de casa, já sabe e, se for preciso, perde a venda: “esse dá, sim, reação cruzada com as tuas alergias”. Eu vou conferir, só para tirar a cisma, e não é que ele está sempre certo?
É um transtorno: qualquer processo infeccioso em mim demora o dobro do tempo para sarar em comparação a uma pessoa que não tem alergia, a dor insuportável não passa com o paracetamol, o único medicamento que posso adquirir sem receita, e os mais fortes só podem ser administrados em hospitais, e dá até medo, porque, segundo alguns, vicia.
É complicado, mesmo. Ao escrever este post, por exemplo, estava com a cara inchada, pois um desses novos medicamentos provocou uma reação alérgica. Isso tudo me causou uma recente irritação com a classe médica e com os laboratórios de medicamentos. Sério mesmo que ninguém consegue desenvolver remédios que não contenham substâncias que causam alergias? Por que eu tenho a impressão que não se dá a devida atenção às alergias? Por que pacientes alérgicos frequentemente saem de consultórios e hospitais com receitas que serão inúteis? É descaso, falta de iniciativa, de investimentos, de interesse ou de competência?
Dia desses, vi em um programa de TV que os alérgicos representam cerca de 30% da população mundial. Vale a pena descartar tantos clientes, ignorar um potencial nicho de mercado? Até quando será que precisaremos ser pacientes?